domingo, 13 de dezembro de 2009

A MENOR POBREZA DO BRASIL

Situação privilegiada de Santa Catarina tem origem histórica, mas ainda há desafios como ampliar o saneamento básico Santa Catarina coleciona os melhores índices do país em renda, educação infantil, pobreza e acesso a bens duráveis. Em expectativa de vida, o Estado fica em segundo lugar no ranking nacional.


As informações constam da Síntese de Indicadores Sociais 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem como fonte a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2008. Os dados foram compilados pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

A situação privilegiada de Santa Catarina em relação a outras unidades da federação tem origem histórica, segundo especialistas. Uma explicação possível para os baixos índices de pobreza é a forma como o Estado foi colonizado, priorizando a organização dos imigrantes europeus em pequenas propriedades rurais, o que gerou distribuição de renda.

A opinião é do professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) João Rogério Sanson. Este modelo resultou em menores desigualdades sociais, maior poder de consumo por parte da população, acesso à educação e, consequentemente, alta expectativa de vida.

– O contexto histórico foi determinante – afirma Senson.

No quesito educação, Santa Catarina vive um paradoxo. Enquanto ostenta o maior percentual de crianças de zero a seis anos na escola (51,8%), junto com o Ceará, tem dificuldades para manter os jovens estudando.

O Estado tem classificação inferior à média nacional em população entre 15 e 17 anos frequentando instituições de ensino: 81%. No Brasil a taxa é de 84%.

Tal contradição revela que o poder público tem uma boa política de escolarização e de oferta de educação infantil, mas deixa a desejar quando o aluno chega ao ensino médio, avalia a pesquisadora Maria Beatriz Luce, que integra o Conselho Nacional de Educação (CNE).

– Os números desfavoráveis representam um desafio para o governo do Estado – alerta.

Aumentam riscos de contaminação

Outro índice em que o Estado vai mal, o de saneamento, acaba tendo reflexos na saúde da população, além de prejudicar o maior cartão de visitas do Estado, o Litoral. Quase 40% dos domicílios catarinenses não contam com rede de esgoto, o que equivale a 2 milhões de residências. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental em Santa Catarina, Paulo Aragão, o desempenho pífio potencializa os riscos de contaminação e aumenta os custos do tratamento de água. O quadro destoa dos demais indicadores.

– Se nós tivéssemos um saneamento melhor, estaríamos em primeiro lugar em expectativa de vida – ressalta Aragão.

Os dados do IBGE colocam Santa Catarina na terceira posição entre os estados com menor taxa de mortalidade infantil do país: 15,5 mortes por mil nascidos vivos. A secretária estadual da Saúde em exercício, Carmen Zanotto, credita tal marca, em parte, ao Programa Saúde da Família, que neste ano chegou a 100% dos municípios catarinenses.


DÉBORA CRUZ

Nenhum comentário:

Postar um comentário